terça-feira, 19 de abril de 2016

O JULGAMENTO DE JONAS

Autora: Vilma Aparecida de Oliveira Pires

Personagens:
Jonas
Juiz
Promotor
Advogado
Júri
Oficial
Narrador

Cena única

Cenário: Simular uma sala de audiências com algumas cadeiras (conforme o número de jurados), e um pedestal para o juiz ou o púlpito, caso seu pastor não se oponha.
Narrador:
“E veio a palavra do SENHOR a Jonas, filho de Amitai, dizendo:
Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim.
E Jonas se levantou para fugir de diante da face do SENHOR para Társis; e, descendo a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem e desceu para dentro dele, para ir com eles para Társis, de diante da face do SENHOR.
Ordem de entrada dos personagens: primeiro os jurados, depois o promotor e o advogado que se assentam. Em seguida Jonas acompanhado de um oficial, e logo depois o juiz.
Juiz: Declaro aberta a sessão onde o réu Jonas, filho de Amitai, será julgado por ter desobedecido a uma ordem direta do Senhor Deus, ao fugir para Társis para não cumprir sua missão, que era anunciar a Palavra de Arrependimento para o povo da cidade de Nínive.
O promotor tem a palavra para sua oratória.

O promotor se levanta e se dirige aos jurados como também à igreja que figurará como auditório.

Promotor: Senhoras e senhores, nessa noite, vocês terão a oportunidade de conhecer como é um cristão arrogante e desobediente. Através dos fatos, quero mostrar a vocês que: Jonas agiu levianamente ao julgar o povo de Nínive indigno de ouvir a Palavra de Deus. Quero provar que ele não somente julgou, mas fugiu, desobedecendo assim uma ordem direta de Deus.
Narrador: A cidade de Nínive era conhecida como a cidade dos ladrões. Era uma prática natural de seus moradores invadirem e despojarem outras regiões. Foi chamada de cidade sanguinária, onde a feitiçaria também predominava. Cortavam as mãos e os pés, narizes e orelhas, e vazavam os olhos dos seus cativos, e faziam pirâmides com as cabeças decapitadas dos seus prisioneiros. Dentre os tais tinham além de inimigos de guerra, os profetas que falavam a Palavra de Deus. Eles serravam as pessoas pelo meio, faziam escalpo, jogavam em óleo fervendo, quando não arrancavam a pele da pessoa viva.
Promotor: Entretanto, não cabia a Jonas decidir se aquela gente merecia ou não morrer por causa da dureza de seus corações. Deus não tem prazer na morte de ninguém, afirmação essa que podemos comprovar no livro de Ezequiel, capítulo 18, verso 32. Deus queria que aquele povo tivesse uma chance de arrependimento e de salvação.
O promotor olha para o advogado indicando com a mão que é a vez dele, e se assenta.
Juiz: Advogado, a palavra é sua.
Advogado: Senhoras e senhores (se dirige ao júri e ao auditório), o nosso digníssimo colega promotor chamou Jonas de arrogante e desobediente... (pausa). Bem, devo dizer que concordo com ele... (pausa)
Jonas olha desesperado para o advogado
Advogado: Sim, senhoras e senhores! Jonas realmente errou. Foi arrogante ao se sentir melhor do que aquele povo, e sim, desobedeceu uma ordem de Deus. Mas quero fazê-los compreender que, embora Jonas tenha errado, não merece ser punido por isso.
Advogado se assenta e o promotor recomeça
Promotor: Como o nobre colega (fala indicando o advogado) citou o que consta nos autos, Deus não tem prazer na morte de ninguém. Somente Deus conhece o nosso coração e, portanto, é o único capacitado a nos julgar. A atitude de Jonas foi sem nenhuma compaixão por aquele povo. Se Deus desejava salvar aquele povo, quem era Jonas para se omitir de pregar a Palavra de Deus? Aquele povo por mais sanguinário que fosse também merecia ouvir a Palavra de Deus. Aquele povo merecia uma chance.
Promotor olha por alguns instantes nos olhos dos jurados e depois se assenta.
Advogado se levanta ajeitando o paletó (se não for possível o paletó, usa-se somente roupa social e gravata)
Advogado: (Olhando com ar de deboche para o promotor, diz ironicamente) Sim, Jonas julgou aquele povo indigno da salvação. (Olhando para o júri, o advogado continua:) Mas, e se fossem vocês no lugar de Jonas, teriam ido pregar para aquele povo, mesmo correndo o risco de serem torturados e mortos, o que era o costume daquele povo sanguinário? (Pausa)
Depois de alguns instantes o advogado continua
Advogado: Jonas não foi nem será o único a fazer esse tipo de julgamento. Acaso somos melhores quando viramos o rosto para o mendigo na rua? Ou quando condenamos alguém por ter o corpo tatuado? Não somos melhores do que Jonas quando nos esquivamos de certas pessoas por as considerarmos perdidas, e dizemos: fulano? Ah, aquele não tem jeito não. Ou quando recebemos um chamado e dizemos: O que, pregar para muçulmanos? Ah, é muito perigoso, e eles possuem o coração duro demais... Portanto, não somos diferentes de Jonas...
Promotor se levanta e diz:
Promotor: Protesto! Não somos nós que estamos sendo julgados! O auditório aqui é formado por membros de igrejas que frequentam a EBD, os cultos e entregam seus dízimos e ofertas. Somos bons cristãos! Fazemos a nossa parte.
Advogado: Sim, frequentamos a igreja. Mas, quantas vidas você já ganhou para Jesus? (diz apontando para alguém da igreja, previamente combinado)
A pessoa ficará em silencio e de cabeça baixa
Narrador: Calcula-se que até hoje, menos da metade da população mundial, com as suas etnias e línguas, tenha sido confrontada com o Evangelho. A outra parte da humanidade, com sua maioria absoluta concentrada na região conhecida como a Janela 10/40, representa uma grande multidão de cerca de 3,2 bilhões de pessoas que ainda são objeto de alguns empreendimentos missionários do povo de Deus, empreendimentos que infelizmente não conseguem dar conta de todo o trabalho.
Advogado: Nós ouvimos falar de Missões, e por vezes até nos comovemos com os relatos de missionários. Mas qual tem sido a sua participação na expansão do reino de Deus? Conheço pessoas que não se importam de gastar 20 ou 30 reais tomando um lanche num shopping, mas na hora de ofertar para Missões... aí a coisa muda de figura. Jonas, mesmo sem querer, depois de ser engolido pelo grande peixe e ser vomitado, foi até Nínive e pregou de tal maneira que aquele povo se arrependeu de seus pecados.
Promotor: Mas depois ele ficou zangado por Deus ter perdoado o povo de Nínive e desejou morrer!
Advogado: Quem me garante que se fosse um de nós naquela situação, não teríamos a mesma reação? Afinal, aquele era um povo perverso, com um longo histórico de crimes, inclusive contra Israel.
Advogado caminha frente ao auditório e diz:
Advogado: Não somos assim tão diferentes de Jonas. Aceitamos a Salvação, e nos esquecemos de que também éramos indignos, miseráveis pecadores que foram alcançados pela graça e compaixão de Deus. Portanto somos tão culpados quanto Jonas.
Advogado se assenta
Musica suave enquanto o júri faz uma roda com as cadeiras e simula diálogo
Juiz: O júri chegou a alguma conclusão?
Um dos jurados se aproxima do juiz e diz:
Jurado: Meritíssimo, nós consideramos o réu culpado por ter considerado o povo de Nínive indigno de salvação. Contudo, diante do que ouvimos aqui, chegamos à conclusão de que também somos culpados por agirmos como Jonas. Sendo assim, pedimos que Jonas seja perdoado por esse tribunal, e que Deus perdoe a todos nós, e que nos ajude a sermos cristãos mais comprometidos com Missões, com o cumprimento da ordem dada por Jesus na Grande Comissão.
Juiz: Sendo assim, declaro o caso encerrado.
Musica suave que fale de perdão enquanto os personagens saem.




REFERÊNCIA:

REACHERS, Sammins; PIRES, Vilma Aparecida de Oliveira. Teatro Missionário: Peças teatrais e jograis sobre Missões e Evangelização para Igrejas evangélicas. Versão Gratuita em PDF, 2013.



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3 comentários:

  1. muito bom bem bolado, vai ser uma grande apresentação...

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  2. muito bom bem bolado, vai ser uma grande apresentação...

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  3. muito bom bem bolado, vai ser uma grande apresentação...

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