sexta-feira, 29 de abril de 2016

SONETO

Deus pede hoje estrita conta do meu tempo
E eu vou, do meu tempo, dar-lhe conta.
Mas como dar, sem tempo, tanta conta
Eu que gastei sem conta tanto tempo?
 

Para ter minha conta feita a tempo,
O tempo me foi dado e não fiz conta.
Não quis, tendo tempo, fazer conta.
Hoje quero fazer conta e não há tempo.
 

Oh! Vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo.
Cuidai, enquanto é tempo em fazer conta.
 

Pois aqueles que sem conta gastam tempo,
Quando o tempo chegar de prestar conta,
Chorarão, como eu, se não der tempo.

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Autor: Frei António das Chagas (Portugal 1631-1682)
 
REFERÊNCIA:

REACHERS, Sammis. Antologia de Poesia Cristã em Língua Portuguesa. [s.n]. Versão gratuita em PDF, [s.d.].

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