segunda-feira, 30 de maio de 2016

A URGÊNCIA DE MISSÕES

Autora: Nilcéia Ferreira Barreto (professora e membro da Igreja Batista Nova Jerusalém, Rio de Janeiro, RJ)
Extraído do encarte da Revista de Missões da JMM
 
PERSONAGENS
Augusto - Moço decidido a Missões;
Elvira - Noiva dele, não decidida;
Correspondente da Agência Missionária
Abdul - Jovem do Senegal
Estrela - Jovem da Índia
Floreal - Moça Angolana
Repórter
Grupo de indianos e Missionária
Grupo de Nações
Grupo de pessoas não identificadas

A congregação canta um hino missionário, e ao término, senta-se. Augusto vai à frente, ajoelha-se. Elvira, sua noiva, chega perto dele, como que o censurando
 
ELVIRA - Augusto o que é isso? Venha para o seu lugar no banco! Estão todos olhando pra você!
 
AUGUSTO - Elvira! Elvira! É minha decisão! É um momento muito importante para mim! Você não sabe da minha vontade de ser missionário? Eu acabo de me decidir. Não é maravilhoso?!
 
ELVIRA - Maravilhoso por quê? Você já e um missionário de nascença! Vive na igreja 24 horas por dia! É diretor de Evangelismo, promove concentrações, é campeão na distribuição de folhetos e ainda por cima canta no coro da igreja!
 
AUGUSTO - Não Elvira! Não é a mesma coisa! Lá no campo de missões, eu vou viver integralmente para falar de Jesus, sem me preocupar com casa, trabalho, coisas do cotidiano...
 
ELVIRA - ...Com a noiva! Estamos de casamento marcado, Augusto, e eu não estou disposta a ir com você. Não acho que um campo missionário é onde eu devo começar minha vidinha de casada! (como que tendo uma ideia) Olhe, vamos fazer uma coisa? Deixe pra mais tarde. Quem sabe eu me acostume com a ideia e acabe indo também?
 
AUGUSTO - ???... Mais tarde? Mas eu já esperei tanto!
 
ELVIRA - Então... Espere mais um pouco! Venha se sentar perto de mim, no banco. O correspondente da Agência Missionária já está no púlpito pra começar a palestra.
 
Ele reluta. Ela insiste, puxa-o e ele concorda. Desce na frente. O correspondente, que já estava chegando ao microfone, a vê. Acaba pensando que é ela quem dirige o programa. Chama-a antes que ela desça. Apresenta-lhe uns cartazes
 
CORRESPONDENTE - Minha Irmã vai continuar a dirigir o programa ou a palavra é minha? Eu estava em oração lá dentro até agora, não sei se...
 
ELVIRA (confusa) - Bem, a palavra está com o irmão. Pode começar.
 
CORRESPONDENTE - Sim, obrigado! Você pode me dar uma ajuda aqui com o cartaz? (Ela assente que sim. Ele continua falando à igreja. Use um cartaz que tenha a janela 10/40) Boa noite irmãos! É com imensa alegria que venho lhes falar de nosso trabalho no campo missionário (aponta o cartaz). Neste grande quadro aqui, temos a janela 10/40. Nesta janela que compreende um retângulo com latitude e longitude medindo 10/40 em relação ao Equador e que está entre os oceanos Atlântico e Pacifico, há 37 países onde não há qualquer presença do Evangelho, ou presença praticamente insignificante. Estes países se mantêm fechados para Missões. (Ele pede que Elvira fique sentada numa das cadeiras do púlpito e continua) Temos recebido claras mostras do amor de Deus por onde passamos. Convidamos os irmãos para vivenciar conosco ricas experiências que tivemos, os episódios de que fomos testemunhas. Procurem ver com os olhos da imaginação o que vamos lhes relatar. (Meio emocionado) Irmãos, as necessidades dos povos são tantas que, muitas vezes, nos é difícil contar. Mas, vejamos: conheçamos o Abdul, um jovem do Senegal. Foi evangelizado pelos missionários Adoniram e Raquel Pires (Coloque nomes dos missionários de sua igreja, caso ela possua)

Entra o Abdul. O correspondente senta-se ao lado de Elvira

ABDUL – Olá meus irmãos! Fiquei muito feliz com a minha conversão e também por sentir que há esperança para a minha nação, onde 90,8% da população é muçulmana. Apenas 5,6% são considerados cristãos. O Senegal é um pais muito bonito, mas está preso nas mãos do inimigo. Inúmeras mesquitas estão espalhadas por todos os lugares. Durante cinco vezes por dia, ouve-se, por todos os lados, a voz dos atalaias, conclamando o povo à oração. (Entram alguns muçulmanos, realizando trabalhos diversos, cada um com um tapete enrolado debaixo do braço) Eles podem estar fazendo o trabalho que for, quando chega a hora da oração, quando o atalaia grita o convite, não importa onde se encontrem, ali eles colocam seu tapete, ajoelham-se com o rosto em terra e clamam a um deus que, realmente não conhecem.
 
VOZ - Alá chama! É hora de orar. Alá chama!
Todos os muçulmanos se ajoelham e clamam por Alá três vezes. Música suave, enquanto é feita a cena. Após uns instantes, eles saem

ABDUL - Ajudem-me a mostrar-lhes o Deus que eles chamam sem conhecer (Sai)
 
CORRESPONDENTE - É triste a ignorância no Senegal! Na Índia, a situação não é diferente. O hinduísmo popular idolatra 200 milhões de vacas sagradas e 33 milhões de deuses. Estrela nasceu na Índia (Ela vai entrando com um cântaro) no final do século passado, numa pequena cidade chamada Rei Descoroado.
 
ESTRELA - Aos dez anos, eu era uma menina cheia de perguntas que ninguém conseguia responder. “Quem será que é o maior de todos os deuses? Haverá um deus vivo?” Os indianos pagãos adoram milhares de deuses falsos! Eu sempre me senti tão só! Brigava e me zangava por qualquer coisa. Xingava e chamava os outros de nomes feios. Sabem qual era a minha ansiedade constante? “Vou descobrir qual é o maior Deus, o Deus que pode curar-me do meu gênio forte. Este deve ser o maior de todos. Eu quero me controlar mas não consigo!” Eu nem sabia, mas uma missionária inglesa chamada Amy Carmichael, que vivia na mesma parte da Índia, estava orando a Deus, pedindo-lhe que lhe concedesse ganhar uma alma na aldeia Rei Descoroado. Vejam: Deus estava me procurando! Eu nem sabia! Certo dia quando fui à fonte buscar água...
 
(Entra um grupo de indianos, uma missionária com um teclado. ESTRELA continua narrando)
- Eu vi um grupo de conterrâneos, ouvindo uma moça cantar. Eu fiquei impressionada com a música.
(Cena de pegar água no poço em mímica)
-Eu já ia embora quando ouvi um indiano gritar:
 
Indiano (pulando) - Missionária, eu entendi o que a senhora falou! Eu sei que existe um Deus Vivo e verdadeiro. Ele me transformou! Agora não sou mais um leão bravo! Sou uma ovelha mansa! Deus me transformou! O Deus Vivo me transformou!
(Ele é abraçado por todos. ESTRELA se aproxima)
 
ESTRELA - Existe um Deus vivo? Quer dizer que os outros estão mortos? Eu também quero esse Deus vivo! Eu também quero! Eu quero ser uma ovelha mansa!
(A missionária a chama. Todos a abraçam. Ajoelham-se. A missionária ora por ela. Levantam-se e saem, enquanto ESTRELA permanece orando. Instantes depois:)
 
CORRESPONDENTE - Que alegria há no coração de quem aceita a Jesus! ESTRELA O aceitou e começou a anunciá-lo desde que O encontrou, nunca mais voltou aos deuses!
 
Entram REPÓRTER e FLOREAL
 
CORRESPONDENTE - Temos em Angola, um país muito maltratado pela guerra. Guerra que durou por mais de duas décadas. Meus irmãos, como há gente mutilada em Angola! São tantos homens e mulheres sem braços ou pernas, ou mãos ou pés! É um horror! Num depoimento profundo de nossa irmã FLOREAL nós veremos como é difícil a vida lá. Ouviremos também uma experiência de conversão. FLOREAL é filha de uma família de nove filhos.
 
REPÓRTER - Conte-nos sua experiência! E sua família, FLOREAL, já se converteu?
 
FLOREAL - Meu irmão, eu não prometi a Jesus ser uma missionária? Pois é, sai falando e já ganhei quase todos os meus pra Jesus. Meu pai tornou-se um missionário autóctone, como eu. Nós vamos juntos pra todo lugar, lá onde os missionários brasileiros não podem ir, pra falar do grande amor de Deus!!!
 
REPÓRTER - Que benção! Como está seu país agora?
 
FLOREAL - A guerra destrói tudo, meu irmão. Às vezes, há um cessar fogo, mas dura pouco tempo. Há muito que fazer. Há muito que reconstruir. Muitos a salvar. Há tantos desabrigados e mutilados! A fome mata. Imagine que a guerra fez de um país rico em recursos naturais como o nosso um povo sem ter o que comer! Missionários brasileiros estão lá, nos ajudando, criando centros de recuperação, de especialização e, acima de tudo, falando de Jesus!
 
REPÓRTER - Você deixaria uma palavra específica para encerrar essa entrevista?
 
FLOREAL - Uma palavra, não. Um apelo: orem por nós! Mandem-nos mais missionários! É urgente fazer missões em minha terra! Jesus ama os brasileiros, mas também morreu pelos angolanos! Um abraço para todos. Boa noite!
 
REPÓRTER - Obrigado, irmã FLOREAL. Boa noite!
 
CORRESPONDENTE - E se não houvesse missionários para trabalhar em Angola? Como seria? Muita gente nasce constantemente na África. Irmãos, MISSÕES É URGENTE! É urgente orar! É urgente contribuir! “LEVANTAI OS VOSSOS OLHOS, E VEDE OS CAMPOS, QUE ESTÃO BRANCOS PARA A CEIFA.” Será muito lindo o dia de Jesus, lá no céu, quando as nações forem louvá-lo. Imaginem os irmãos comigo: o indiano, o chinês, o boliviano, o alemão, o japonês, o venezuelano, nós, os brasileiros, cantando e louvando a Jesus!!!
 
Muda a iluminação. Solo da primeira estrofe de: “De todas as tribos” (hino 80 HCC), em voz suave, lentamente, a pessoa em oculto. Enquanto isso, entram pessoas vestidas com roupas de diferentes nações, ajoelham-se e, no coro, levantam-se e cantam com vibração, gesticulando em coreografia única. Ao término, todos se ajoelham. É orquestrada a segunda estrofe e cantado o coro, outra vez. Quando o grupo de nações começa a cantar, entra um grupo, usando roupas sem cor, sem vida (tom pastel/areia) e o rosto coberto por touca de meia fina. Eles querem entrar no grupo que canta; se aproximam, mas voltam com medo. Fazem uma coreografia de quem está excluído do ambiente, no medo, no horror. Ao fim do coro, eles saem como que sem vida.
 
ELVIRA (Levanta-se, meio assustada) - Senhor Correspondente, quem são aqueles sem o rosto à mostra? Eles não estão com trajes de nenhum país. Não consigo identificá-los!
 
CORRESPONDENTE - Sim, moça, aqueles são os povos da Janela 10/40 que ainda não ouviram da mensagem salvadora de Jesus. São alguns dos representantes destes povos. São tribos inteiras que ainda não conhecem o caminho para o céu!
 
ELVIRA - Mas... há tantos missionários! Por que não falam com eles logo de uma vez? Eles não podem ficar de fora do dia glorioso de Jesus!
 
CORRESPONDENTE - Não, não há tantos assim. Há somente 529 (esse é um dado específico da denominação Batista, portanto mude conforme a sua) filhos de Deus trabalhando nos campos e mais algumas dezenas aguardando envio. Que é esse número para os 97% das tribos que não conhecem o Evangelho?
 
ELVIRA - ?!?!?!
 
CORRESPONDENTE - Há uma escassez enorme de obreiros. Sabe, é que na cidade é tudo muito bom, tudo muito fácil. Ganha-se dinheiro, estuda-se, mora-se bem. Quem quer ir para os campos de Missões, ficar longe da família, passar privações, viver em meio às guerras, aos perigos?
 
SOLO - Segunda estrofe (do mesmo hino “De todas as tribos”. No coro, cantado pelo grupo, as pessoas sem identidade repetem a cena anterior, depois, saem gritando)
 
SEM IDENTIDADE - De onde é que é aquela música? De onde vem? Pra onde estamos caminhando? Pra onde?
 
CORRESPONDENTE - Sabe para onde estão indo?
 
ELVIRA (Chorando) - ???
 
CORRESPONDENTE - Para o mundo de tristeza, de guerra, de pecado, de escuridão. Eles estão caminhando para o inferno. Há urgência em pregar-lhes o Evangelho!
 
ELVIRA (A eles) - Esperem! Esperem! Voltem! Vocês aí! Quero lhes falar de ... (Ao correspondente) Eles se foram! Não me ouviram!
 
SOLO (Terceira estrofe do hino) - E a nós só nos cabe tudo dedicar, oferta suave ao Senhor. Dons e talentos queremos consagrar, e a vida no seu altar pra seu louvor! (A música é cantada bem lenta, chorosa. Ao fim da estrofe, ela se ajoelha e diz em alta voz:)
 
ELVIRA - Eu quero ir, Senhor! Eu quero ir! Mande-me pra onde alguém precisar ouvir de Ti!!!
As nações entoam o coro bem forte. Augusto vem à frente e se ajoelha ao lado dela. Abraçam-se. O auditório é convidado a repetir a terceira estrofe e o coro.
Oração em favor da Obra Missionária.
 

Dicas:
1. Nem sempre temos uma quantidade necessária de pessoas, mas não permita que isso atrapalhe. Sempre trabalhei com teatro na igreja e, se não tínhamos pessoal, nós adaptávamos, tirava alguns personagens... enfim, você pode fazer mesmo com pouca gente.
2. No momento que as nações cantam, faça um círculo para que os de roupas sem cor e sem vida tentem entrar mas não consigam.
3. Quanto à música, se não conhecer o Hinário Cristão, escolha uma relacionada à Missões.
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REFERÊNCIA:

REACHERS, Sammins; PIRES, Vilma Aparecida de Oliveira. Teatro Missionário: Peças teatrais e jograis sobre Missões e Evangelização para Igrejas evangélicas. Versão Gratuita em PDF, 2013.
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