sábado, 7 de maio de 2016

VOZES - MONÓLOGO MISSIONÁRIO

Autor: Noélio Duarte
Do livro Missões, É Tempo de Avançar!
 
Um dia nasci.

E fui despertado por som intenso, forte e profuso: a minha própria voz! Percebi, então que o meu som era mais uma voz no mundo já tão cheio de vozes...

Cresci...
 
E as vozes foram tomando sentido, forma e vida. E vinham de todos os lugares em direção a mim: de cima, de baixo, dos lados, da frente, de trás... Vozes! Umas eram fracas; Outras, fortes. Algumas eram alegres; outras, tristes. Muitas eram aflitas; outras, otimistas. Várias, desesperadas; outras, encantadas... Vozes que aumentavam todos os dias...

Olhei em volta. Ouvi vozes pedindo perdão... Muitas outras suplicavam apenas por pão, justiça, verdade, atenção. Era muito intensa a voz daquela mulher pedindo somente um pouco de alimento... Vozes. Muitas vozes: dos que dormem nas ruas, dos sem teto e sem lar; vozes dos desempregados, injustiçados, querendo apenas trabalhar; dos que perderam seus bens e a dignidade e já não se importavam com mais nada! Estas vozes se misturaram com outras que diziam não! Que rejeitavam, maltratavam, discriminavam e anulavam todas as esperanças... Ah! vozes.

Levantei a cabeça e olhei para o outro lado do oceano e ouvi, vindo do continente africano uma marcante voz a me dizer:
 
"Olá, meu nome é M'Bongo e sou africano. Muito prazer! Sabe, a minha pele é escura e dizem que sou assim para suportar o calor da minha terra. Aqui, nós somos muito pobres, quase miseráveis! As oportunidades e a cultura educacional não passaram por aqui. O meu povo é nômade e vive em tribos se deslocando de um lado para outro; aqui não temos água com fartura, o alimento é bem pouco e o trabalho remunerado quase não existe. Ah, temos muitos deuses que cultuamos e estes não nos ajudam em nada... Mas ouvi um homem branco falando de um Deus chamado Jesus Cristo, que veio ao mundo para libertar o ser humano de toda a escravidão e dar-lhe uma melhor qualidade de vida... Mas aqui onde moramos é tão longe... Quem poderá ouvir a nossa voz e vir contar essa história? Não se esqueça, sim? Meu nome é M'Bongo e eu sou um perdido africano...

Parei. O pedido era insistente: "Quem poderá vir nos contar a história de Jesus, o Rei da Glória, que do céu desceu e aqui viveu porque me quis salvar?..."

Ainda estava bem pensativo quando outra voz me falou com veemência:
 
"Ei, está me ouvindo? Meu nome é Sadhu e sou Indiano. A Índia, o país onde vivo é imenso e com alto índice demográfico. Aqui, amigo, a miséria, a fome, a prostituição, o analfabetismo e as doenças andam de mãos dadas. Somos um povo marcado e sofrido. Fomos colônia inglesa... Temos como língua o Inglês e o Hindi, mas nosso povo fala mais de 150 dialetos... É muito complicado alguém se comunicar por aqui: nem nós mesmos nos entendemos! Passamos fome, apesar de termos um dos maiores rebanhos bovinos do mundo, mas aqui a vaca é sagrada... É complicado viver aqui, sabe? Temos muitas brigas internas e nem mesmo sabemos contra quem estamos lutando... Adoramos espíritos e a nossa religião oficial, o hinduísmo, não nos traz esperança nem paz nem liberdade espiritual... Mas eu ouvi um soldado inglês dizer que um Deus chamado Jesus veio a este mundo trazer liberdade e vida. Mas até hoje, a maioria do meu povo não sabe disto porque ninguém veio nos contar esta história... Amigo, você pode nos ajudar? Só para você não se esquecer, meu nome é Sadhu!

Fiquei comovido, conturbado e pensativo. E não pude nem mesmo me concentrar no que acabara de ouvir quando, outra voz me sacudiu:

"Olá, com licença, posso lhe falar? Meu nome é Dimitrov. Muito prazer, eu sou russo! É, estamos vivendo uma realidade para a qual não nos prepararam: o meu país foi varrido pelos ventos da liberdade que não sopravam por aqui há mais de cem anos... Agora somos um povo quase livre... livre? Oh, quanto engano! O regime opressor nos impediu de conhecer algo mais sobre Deus. Eles nos disseram que Deus tinha morrido e que o comunismo era a religião dos fortes e inteligentes... Mas o comunismo morreu! Ouvi uma senhora, em uma de nossas praças, dizer que um Deus chamado Jesus Cristo veio a este mundo para dar sentido à vida, oferecendo vida eterna e que também veio libertar o ser humano e proclamar a paz. Ainda vivemos em guerra, mas sei que podemos ter esperança se Jesus estiver no seio do nosso povo... Oh, por amor a esse Deus, venham nos ajudar! Esta história é por demais bonita para ficar apenas somente com vocês... Quando terão disponibilidade para vir até nós?...”

Sinceramente eu estava em choque e nem podia mais pensar: era muito para mim e eu estava sofrendo e chorando. Entre um soluço e outro, eu ouvi nova voz querendo me falar:
 
"Hello! My name is John! Sou norte-americano, filho da maior nação capitalista do mundo, uma terra muito civilizada... Somos consumistas por natureza e consumir cada vez mais é a nossa meta! Estamos sendo alvos da artilharia de todos os terroristas do mundo e há algum tempo perdemos nossas torres gêmeas, símbolo do poder do meu povo... Mas sabe o que mais me incomoda, amigo? É que já fomos a maior nação cristã do mundo, mas hoje os nossos cristãos se debandaram e os templos estão vazios... É, aqui não se fala mais em Deus. Muita gente imigrou para cá, principalmente vindos da América Central e do Sul. Só que a maior parte dessa gente não tem Deus — o Deus de nossos pais. Então, você pode nos ajudar? Temos dinheiro e fartura, mas não temos liberdade espiritual e nem esperança de uma vida eterna...

Ouvi brasileiros, europeus, asiáticos, australianos, árabes, índios...

Eram vozes que clamavam, pedindo, suplicando, querendo paz, justiça, liberdade e vida eterna — Vida que só se encontra em Deus. Sim, fome e sede de esperança e alegria, gritos por uma vida melhor!
Vozes daqui, vozes de longe, vozes que não paravam de chegar e repetiam como eco: "Quem virá nos contar a história de Jesus, o Rei da Glória, que do céu desceu e aqui viveu porque nos quis salvar?..."

Foi então que uma Voz - essa, mais forte, profundamente mais contundente que todas as outras me falou:

"Meu filho, vai trabalhar na minha vinha... Vai! O poder pertence a você, portanto, vai! Se você não pode ser a voz que clama, seja os braços e as mãos que sustentam as cordas dos que estão descendo às minas para buscar almas que valem mais que ouro..."

E continuou a me falar:

"Filho, o tempo urge! Aja agora enquanto você ainda tem tempo; não fique apenas ouvindo as muitas vozes, mas transforme cada apelo em ação!"

Esta Voz, forte, potente e amorosa calou todas as outras e fez brilhar a luz da esperança!
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REFERÊNCIA:


REACHERS, Sammins; PIRES, Vilma Aparecida de Oliveira. Teatro Missionário: Peças teatrais e jograis sobre Missões e Evangelização para Igrejas evangélicas. Versão Gratuita em PDF, 2013.
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