Política, programa de TV, Noel, drama familiar,
pobreza, bom humor... Ingredientes que fazem parte desta peça, chamada para
missões, evangelismo, compaixão...
Euclides chega cansado em casa com uma enxada na
mão. Seca o suor e procura água na geladeira. Percebe que não tem água no pote
na garrafa. Reclama com sua mãe.
EUCLIDES: Mãe, ninguém foi pegar água!
D. SEBASTIANA: Ah, Euclides. Seus irmãos
foram embora de novo. Apareceu trabalho lá na fazenda do Seu Onofre e vão ter
que ficar um bom tempo lá! Saíram tudo apressado e não tiveram tempo de pegar
água para nós!
EUCLIDES: (emburrado) Então eu vou lá pegar!
(à parte) Diacho! Tenho que fazer tudo nessa casa! Agora que meus irmãos foram
embora é que eu vou ter fazer tudo mesmo!
Euclides ia saindo de casa quando um sujeito bem
vestido (um político) chega.
POLÍTICO: Boa tarde, Euclides!
EUCLIDES: Ué! Quem é o senhor? Por acaso o senhor
me conhece?
POLÍTICO: Eu vi você pequenino, carreguei no
colo! Conheço toda a sua família, seus irmãos, sua mãe e fui muito amigo do seu
falecido pai.
EUCLIDES: Se veio cobrar as dívidas dele como
muita gente que diz que foi amigo dele cobra, fica sabendo que a gente não tem
um tostão furado!
POLÍTICO: Nada disso, meu rapaz! A única
coisa que vim cobrar de você é a confiança em alguém que conhece esse povo
daqui da região e pode fazer muito por ela! Saiba você que a política é o meio
de ajudar os necessitados! Sei que as pessoas acham que político é tudo a mesma
coisa, mas não é.
EUCLIDES: Se não fosse, não aparecia só em
época de eleição. Olha aqui, seu doutor, eu tenho muita coisa para fazer. Tenho
que pegar água no poço para minha mãe e...
D. Sebastiana entra em cena.
D. SEBASTIANA: Me chamou, Euclides.
EUCLIDES: Mãe, a senhora está muito ocupada.
POLÍTICO: (interrompendo-o) O que é isso,
Euclides? Deixe a Dona Sebastiana aqui conversar conosco. A voz da experiência
é a voz de Deus.
D. SEBASTIANA: Ué! Como o senhor doutor sabe
meu nome? Vixe Maria!
POLÍTICO: Ora, conheço vocês há bastante tempo
e jamais esqueço o nome de pessoas que eu estimo. Sei o nome do vosso falecido
marido – que Deus o tenha – o seu Salustiano, o nome de seus oito filhos,
Antônio, Pedro, Adilson, Graciliano e...
O político pega um papel no bolso que está a lista
de nomes e o lê.
POLÍTICO: ...Gaspar, Adelson, Teotônio e o
simpático caçula Euclides.
EUCLIDES: Quer me enganar?! Decorou esses
nomes todos só para a gente receber o senhor aqui em casa!
D. SEBASTIANA: Não trate o doutor dessa
maneira, Euclides!
POLÍTICO: É, obrigado, senhora. Obrigado.
Bom, eu tenho uma coisa aqui para vocês que vai ajudar muito nas compras do
mês. O cheque salário! Um cheque assinado por mim para que vocês comprem o que
vocês quiserem.
EUCLIDES: Não, obrigado. Todo mundo aqui em
casa trabalha. “Nós não precisa” de ajuda desse tipo não. Quer resolver as
coisas para nós, vê se não some quando o senhor for eleito na próxima eleição.
D. SEBASTIANA: Euclides. Não faça desfeita
para o senhor doutor. Claro que a gente aceita o cheque.
POLÍTICO: Parabéns dona Sebastiana! Parabéns!
Você está demonstrando que é muito inteligente. E a senhora sabe que gente
inteligente vota em gente competente. Esse é meu lema. Ah, essa juventude...
Bem, uma boa tarde para vocês. Euclides, escute a sua mãe, rapaz.
EUCLIDES: Agora que o senhor já fez o que o
senhor queria, pode dar licença que a gente tem muito que fazer.
POLÍTICO: Claro, claro. Passar bem.
Euclides o conduz até a porta de saída.
EUCLIDES: É, mãe. Estou vendo que a senhora não
consegue esperar o nosso dinheiro do nosso trabalho. Esse pessoal só que se
aproveitar da gente. Será que a senhora nunca vai perceber isso? Mais vale o
pouco ganho com honestidade!
D. SEBASTIANA: Você está me chamando de
desonesta, é, Euclides?
EUCLIDES: Não, mãe, não foi isso que eu quis
dizer.
D. SEBASTIANA: Vai pegar água, Euclides!
Anda! Antes que eu, com esse dinheiro, além de comida, compre um chicote para
tirar o seu coro. Vai, vai, vai...
D. Sebastiana conduz Euclides até a porta que sai e
vai embora.
D. SEBASTIANA: (mostra o cheque para o
público) Olha só, gente! Que beleza de cheque! Trezentos reais! Vou comprar
muita coisa! Roupinha, comida, um radinho para mim. Euclides é meu filho, mas é
tão esquisito! Ô menino bobo! Não sei como ele não disse pro senhor doutor aquela
frase que ele sempre repete quando vêm esses moços de terno para ajudar a
gente. Um dia ele ficou perguntando para um outro deputado boa gente, que veio
também ajudar, se o dinheiro dava para comprar uma tal de “dignidade”. Eu sei
lá o que é isso! Só sei o que é roupinha, comida e um radinho pra mim! O resto,
a gente dispensa, né gente?
Alguém grita a porta da casa.
NOEL: Ô de casa!
D. SEBASTIANA: Oi! Vixe Maria. Nunca recebi
tanta visita num só dia?
NOEL: Hôu, hôu, hôu! Abre a porta e terá uma
surpresa.
D. SEBASTIANA: Claro que deixo entrar quem
veio para nos ajudar.
Entra em cena uma pessoa vestida de Papai Noel.
D. SEBASTIANA: Ai, minha santíssima. Que
engraçado. Um cabra vestido de Papai Noel fora de época!
NOEL: Tudo bem, minha senhora. Eu sou da
Fundação Carismática Caridosa Noel do Céu. Nós aparecemos na casa dos mais
necessitados para ajudar as pessoas “sem interesse”. Olha o que eu trouxe para
a senhora.
O “Papai Noel” pega três coisas em seu saco.
D. SEBASTIANA: Que maravilha! Comida...Roupinha...e
um radinho pra mim! Como vocês adivinharam?
NOEL: Hôu, hôu, hôu! Nós perguntamos para os
seus vizinhos, minha senhora! E eles disseram-nos que a senhora estava querendo
um radinho.
D. SEBASTIANA: Ô, meu Deus! Como ainda tem
gente boa nesse mundo!
NOEL: Hôu, hôu, hôu! Não precisa agradecer!
Mas precisa fazer uma coisinha! Apenas uma coisinha! Hôu, hôu, hôu!
D. SEBASTIANA: O quê, seu papai Noel!
O “Papai Noel” tira seu gorro vermelho e modifica o
seu tom de voz, falando seriamente.
NOEL: Sabe o que é, Dona. Eu tenho que levar
comigo um de seus filhos, que seja o mais novo, para poder mostrar o quanto é
carente essa região. Só assim o pessoal lá da Fundação que eu faço parte vai
acreditar e continuar contribuindo com essa ajuda para outras regiões como
essa. Sabe o que é? Eu esqueci a máquina fotográfica.
D. SEBASTIANA: Não carece não seu moço. “Nós
tem foto” antiga aqui da gente. O senhor leva as fotos.
NOEL: Obrigado, dona. Mas, mesmo assim, eu
precisava também de levar uma criança dessa comunidade para lá. Para eu ter de
novo o patrocínio dessa viagem novamente, é preciso que eles vejam a realidade
desse local com muitos detalhes. Se eu não sensibilizar o pessoal lá da
fundação, eles não me deixam viajar de novo para ajudar outras pessoas como a
senhora. É só por uma semana. A senhora é da mesma religião que eu, eu sei
disso. Sei que a senhora não vai me negar um favor desse, não é, dona? Hôu,
hôu, hôu!
D. SEBASTIANA: Ih, seu moço! O problema não é
esse. Eu até que deixo meu filho mais novo viajar com o senhor. Já estou
acostumada de ver meus filhos longe. Mas é que o senhor não conhece meu filho
mais novo! Ele muito turrão! Ih, tão turrão como o pai. Olha, ele está
chegando. Conversa com ele. Eu vou lá pra dentro.
NOEL: Claro, claro. Deixa eu me fantasiar,
porque com criança é melhor conversar fantasiado. Hôu, hôu, hôu!
Euclides entra em cena.
EUCLIDES: Mãe, eu já trouxe a água!
Euclides estranha a presença de um indivíduo
fantasiado de Papai Noel dentro de sua própria casa.
EUCLIDES: D. Sebastiana, quem é esse velhinho vestido de vermelho aqui em casa. É algum dono de plantação de tomate?
EUCLIDES: D. Sebastiana, quem é esse velhinho vestido de vermelho aqui em casa. É algum dono de plantação de tomate?
NOEL: Hôu, hôu, hôu! Que menino mais bonito!
(segura Euclides e dá um beijo no rosto)
EUCLIDES: Eu hein! Pára de me beijar, seu cabra! Eu sou é homem!
EUCLIDES: Eu hein! Pára de me beijar, seu cabra! Eu sou é homem!
NOEL: Oh, que beleza! E já que você é um
homem, pode muito bem viajar comigo para um lugar muito legal, e ficar lá uma
semana! Que tal?
EUCLIDES: Que viajar nada! Tenho que ficar
para trabalhar a ajudar minha mãe.
NOEL: Hôu, hôu, hôu! Mas sua mãe autorizou
você viajar comigo! E você vai ficar bem no lugar aonde a gente vai. Vai ganhar
muitos brinquedos.
EUCLIDES: É, parece legal. E além de
brinquedos, o senhor pode me ajudar nos meus estudos. Eu estou precisando de
caderno, livro, caneta e de um bom professor, pois nem ler direito eu sei, já
que os professores do meu colégio não ensinam bem.
NOEL: Olha, meu menino, eu não sei se
interessa para a Fundação da qual eu faço parte vocês ficarem inteligentes. Eu
acho que só interessa para a fundação um tipo de ajuda bem rapidinha, porque se
vocês ficarem muito inteligentes, vocês saem dessa situação que vocês estão e
eu não vou poder sensibilizar as pessoas mostrando o quanto vocês são carentes.
Mas brinquedinho também é bom. Porque você não gosta de brinquedos?
EUCLIDES: Eu gosto sim, mas...
Alguém bate à porta.
DUDU: Ô de casa!
EUCLIDES: Quem bate?
DUDU: É da Televisão!
EUCLIDES: Ah, já sei! Ô mãe! Chegou o moço
para consertar a nossa televisão!
Entra em cena um apresentador de programa de
TV(Dudu) com um câmera man.
DUDU: Oi! Aqui é o Dudu, o apresentador de TV
mais solidário desse Brasil, com mais um programa...Show do Dudu, com o quadro
“A sua Casa é a nossa Casa”!
EUCLIDES: (amedrontado) Mããããããeeeeeee!
DUDU: Não fique com medo, meu bom menino! Não
fique com medo! É apenas um programa de Televisão ao vivo. E você é felizardo.
Você vai ganhar vários prêmios.
D. Sebastiana e Euclides vem abraçados. Euclides
com cara de espanto e D. Sebastiana, com cara de alegria.
EUCLIDES: Ai, minha nossa senhora! Não é que
a sorte grande bateu na nossa porta.
DUDU: Olha só! Mesmo que essa família passe
por vários problemas, eu vejo que ela é muito feliz. Vejo que já está até
comemorando o Natal.
NOEL: (à parte) Hummm! Vou aproveitar para
fazer meu comercial! (tom) É isso aí, Dudu! Eu sou da Fundação Carismática
Caridosa Noel do Céu! Damos presentes para pessoas carentes! E vamos levar o
menino daqui dessa casa para passar uma semana na nossa fundação, para brincar,
se alegrar, se mostrar...
DUDU: Só se for depois da vigem que eu vou
fazer com a família inteira, meu caro. Essa casa aqui foi escolhida para, além
de viajar conosco, ganhar muito mais presente do que você pode imaginar. E a
viagem será no HELICÓPTERO DO DUDU!
EUCLIDES: O quê! Mãe, eu não quero viajar
nesse negócio não! Eu tenho medo de altura!
D. SEBASTIANA: Ah, qual é o problema, meu
filho! É só uma voltinha!
NOEL: Olha aqui, seu Dudu! Eu sei que o seu
programa é muito rico, que vocês podem ajudar essa família muito mais que a
nossa humilde Fundação, mas eu cheguei primeiro!
DUDU: Eu não tenho culpa de você ser um Papai
Noel que não sabe que Natal é dia 25 de dezembro. E dá licença que eu tenho que
filmar o resto da casa para mostrar o quanto eles são carentes para
impressionar os espectadores. Vem Zé.
NOEL: Ah é? Então você vai ver como que um
Papai Noel presenteia com galo na cabeça os apresentadores metidos a espertos
que atravessa o caminho dele!
Papai Noel começa a bater na cabeça de Dudu com seu
saco.
DUDU: Ai, ui! Eu não sabia que o Papai Noel
era tá mau! Socorro! Socorro!
ZÉ: (câmera man) Continua filmando, seu
Dudu?
DUDU: Continua, Zé! Continua! Isso também dá
audiência! Ai, ui! Socorro! Socorro!
Papai Noel, Dudu e Zé saem de cena.
EUCLIDES: Meu Deus! Parece que passou um
furacão por aqui!
D. SEBASTIANA: Ara! Você é mesmo uma besta,
heín, Euclides?! Perdeu a oportunidade de ficar famoso, ganhar um monte de
brinquedo...
EUCLIDES: Ô mãe, para de querer viver de
ilusão!
D. SEBASTIANA: Vou viver de ilusão sim! Me
deixa! Só assim é que se pode ter esperança dentro da gente! A esperança não
bate na porta da gente assim sem mais nem menos! Se a gente não alimentar
ilusão dentro de nós, a gente não tem esperança!
EUCLIDES: Ah, mãe! Eu acredito sim que a
esperança pode bater na porta da gente. E quando ela bater, ela não vai vir
fantasiada de ilusão não, mãe.
D. SEBASTIANA: Ah, meu filho. Você diz isso
porque você é muito novo! Vai esperando.
Som de alguém batendo na porta.
Som de alguém batendo na porta.
EUCLIDES: Ó, mãe! Tem alguém batendo na
porta.
D. SEBASTIANA: Vai atender, Euclides. Vai ver
que é a esperança que você está aguardando!
EUCLIDES: Ai, espero que não seja um daqueles
cabras metidos a esperto.
Euclides atende a porta. Uma menina com uma Bíblia
na mão se identifica a Euclides.
MENINA: Boa tarde. Eu vim de longe para falar
de alguém para você.
EUCLIDES: Ai, espero que esse alguém não seja
mais um que queira se aproveitar da nossa condição humilde para se dar bem.
MENINA: Não! Ele foi humilde como você. Ele
sempre foi perseguido por não se conformar com injustiças. Mataram-no baseados
em acusações injustas.
EUCLIDES: E o que eu tenho com isso, menina.
Já estou cansado de gente de longe que só vem aqui com um monte de papo furado
e no final eu vejo que é só para dar uma ajudinha rápida e vai embora logo. A verdade
é que essas ajudinhas não em melhoram nada a nossa vida. Quanto mais o tempo
passa, mas a gente trabalha que nem um condenado. É muito difícil de eu ter que
trabalhar e estudar com fome. Minha mãe, a cada dia que passa, fica mais
ignorante. E os culpados são pessoas como vocês que só aparecem para dar uma
ajudinha mixuruca. Eu queria uma ajuda que ficasse para sempre.
MENINA: Só que esse alguém quer ajudá-lo para
sempre.
EUCLIDES: Mas ele não morreu? Como é que ele
vai me ajudar? Parece até minha mãe, que fica rezando na frente de umas
estátuas de um monte de gente que morreu.
MENINA: Só que essas estátuas de gente que
morreu que a sua mãe reza, apesar de muitas dela terem sido pessoas boas quando
estavam vivas, não ressuscitaram.
EUCLIDES: Não o quê?!
MENINA: Não ressuscitaram. Eu vou te
explicar. Esse alguém morreu e depois viveu de novo. O nome dele é Jesus. Ele
viveu de novo porque ele é Deus. Deus veio um dia aqui na Terra para salvar os
homens.
EUCLIDES: Na minha terra ele não veio.
MENINA: Mas me enviou para te dizer que ele,
ao contrário de todos que vieram aqui, gosta de você e não quer nada em troca.
Só o seu amor.
EUCLIDES: Ué. A senhora não quer tirar uma
foto da gente, ou filmar a nossa casa para mostrar para os seus amigos lá da cidade
grande, ou presentear a gente para “nós fazer” alguma coisa em troca.
MENINA: Não. Eu só vim falar desse alguém. O
nome dele é Jesus Cristo! Ele te ama muito, e morreu na cruz para te salvar!
EUCLIDES: Engraçado... Nunca alguém apareceu
aqui em casa para ajudar sem pedir alguma coisa em troca. Só alguém amigo desse
tal de...(pausa) Como é o nome dele mesmo?
MENINA: Jesus Cristo.
MENINA: Jesus Cristo.
EUCLIDES: Vou correndo falar desse Jesus
Cristo, que faz bondade sem querer nada em troca, para minha mãe. Onde tem escrito
a história dele. Em algum jornal, ou revista?
MENINA: Você até encontra a história dele em
jornal e em revista. Mas a verdade sobre ele você encontra aqui nesse livro,
que eu vou te dar de presente. (entrega uma Bíblia ao menino) O nome desse
livro, que na verdade é um conjunto de vários livros, é Bíblia Sagrada. Aqui
tem a história verdadeira de Jesus Cristo. Você sabe ler?
EUCLIDES: Não muito...E eu estou com fome,
moça.
MENINA: (se aproxima de Euclides) Preste
atenção. Mesmo que você não saiba ler direito, esse livro será muito útil. Deus
já está enviando pessoas, mesmo que não sejam tão boas, para ajudá-los com
comidas, roupas e todo tipo de ajuda. Essas pessoas estão pensando que elas
estão vindo aqui por elas mesmas, mas é Deus que está enviando. Só que vocês
não devem deixar eles seduzirem vocês com essa ajuda,. Vocês não devem se
deixar vender nem emprestar a imagem de vocês para que eles os usem para fins
interesseiros, eleitoreiros e sensacionalistas. Eu também quero te ajudar com
comida, roupas e assistência básica, como um kit de primeiros socorros, noções
de higiene e até mesmo com umas dicas de alfabetização. Mas o alimento
espiritual é mais importante. E você só vai ter esse alimento se ler esse
livro, ou se alguém lê-lo para você.
EUCLIDES: Olha, moça, eu não entendi nada.
Mas...eu gostei de ganhar esse presente. Moça, a única coisa que eu posso dar
pra senhora é um pouco de água. Acabei de buscar. Você quer?
MENINA: Aceito.
Euclides dá um copo de água para menina.
MENINA: Obrigado. Por esse gesto, você já
pode ser considerado amigo de Jesus.
EUCLIDES: É mesmo?
MENINA: Sim. Está escrito no livro. Quando
você ler você vai ver. Um beijo no seu coração.
A menina sai de cena.
A menina sai de cena.
EUCLIDES: Mãe! Mãe!
D. Sebastiana vem lá de dentro.
D. SEBASTIANA: O que foi, meu filho?
EUCLIDES: Finalmente ganhei um presente que
eu gostei!
D. Sebastiana olha e vê que é uma Bíblia. Olha para
ela e depois olha para o filho.
D. SEBASTIANA: (admirada com a pureza do seu
filho) Que bom meu filho! Que bom!
Os dois se abraçam.
Fim
Autores:
Marcos
Alexandre Dornelles da Silva
Peça disponível em: http://teatrocristao.net/texto/o_verdadeiro_presente
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