quinta-feira, 3 de novembro de 2016

O NATAL SE REPETE

Autora: Stela Câmara Dubois

- I -
De casa fora expulso,
pois o Evangelho o tornara diferente,
ousado e corajoso.
Agora se dizia um crente
e o pai, furioso,
não quisera vê-lo, nunca mais,
sob o teto onde nascera...


Sadu partira...
Eram trevas no céu todo apagado...
Pressentira que fora envenenado,
porém de estrelas tinha cheia a vida
e fora salvo milagrosamente.


Os anos se passaram...
Um dia, pai e filho se encontraram.
E então abraçados,
caminhando juntos a Belém,
o pai irrompeu, por entre soluços:
- Filho, meu filho, eu sou cristão também! 


Há paz na terra! Glória nas alturas!
Pelas planuras, quanta floração!
Jesus nasce em milagres, em poder!
Ei-lO a viver no humano coração!


Vem consolar, ó dúlcida ESPERANÇA,
Linda CRIANÇA que nasceste um DIA!
O coração do mundo se espedaça...
Dá-lhe de graça a tua MELODIA!
E o Natal se repete...


- II -
Ele ia matar seu inimigo...
Tinha o mosquete à mão,
engatilhado...
- Mas... Deus meu!...
O inimigo a cantar tão animado,
o hino de minha mãe, -
refletia o malfeitor.
- Se ela vivera mais,
teria o seu amor
transformado, de pronto, a minha vida... –
O homem concluíra o cântico inspirado.
- É agora. Não me há de escapar!... –
Mas o seu braço cai,
aniquilado,
mal podendo falar:
- O Deus que assim pôde salvá-lo,
deve ser infinitamente poderoso!


Passa um ano após outro... persistentemente...
Um dia,
era o Natal.
Apoiando-se à chaminé do barco,
o homem cantava, - pois era afamado cantor, -
aquele mesmo hino,
o “Hino do Pastor”.
A música enternecia os corações.


Lá no convés estava o inimigo.
Aproxima-se.
Ira Sankey escuta-lhe a história comovente.
E a estrela do oriente
brilha outra vez no céu,
porque os dois homens, abraçados,
vão juntos ao presépio,
pela mesma paz,
vão irmanados.
Tudo renasce na ampulheta extinta...
Há nova tinta no horizonte além...
A “Paz-na-terra-aos-homens”, avançando,
Vai renovando as bênçãos de Belém!


Dentro do caos, repontas como um lírio!
Não foi martírio o Teu sofrer, Senhor.
O teu berço de palha foi a AURORA
Que voz canora propagou-a: AMOR!
 

E o Natal se repete...
 

- III -
É o apelo final de Billy Graham.
Transborda o recinto
do vasto Maracanã.
Era a tarde derradeira
da Aliança Mundial.
Uma alma de Deus
abre as janelas dos seus olhos
e contempla, a medo,
pela televisão de sua casa,
as cenas nunca vistas, nem sonhadas.
- Eu não sabia
que era tão lindo assim... – ela dizia.
- Cristo, o Filho de Deus, é o meu Caminho.
É o meu Salvador e não há outro! –


O pregador pedia:
- Acenai vossos lenços! –
Era um mar de asas brancas,
que anunciavam paz...
Atingida
pelo Espírito Santo
estava aquela vida.
A moça, agora isenta
de todo o seu pavor,
agita o pequenino lenço,
que ainda há pouco lágrimas retinha.
Ninguém a via ali... sozinha...
Mas o Senhor lhe dera a forte mão
e ela fora também com a multidão
à gruta de Belém.


Levanta-se, renovada!
Raiava a madrugada,
com os anjos cantando
“glórias nas alturas!”


A notícia correu
como um som de trombeta,
alvissareiro.
E cada qual ia falar primeiro:


- Mais outra decisão!
- De quem?
- Da jovem que assistia ao culto
pela televisão... -

Oh! Vem, Natal, mil vezes repetido!
Lato sentido o VERBO te quis dar.
Amplia os passos, santifica as mentes,
Joga sementes, fá-las germinar.


Vem hoje, e enche a terra, qual o orvalho!
Dá o agasalho e o pão, restaura a fé!
Natal, Natal, ó sacrossanto DIA,
Tua HARMONIA nos sustente em pé!
E O NATAL SE REPETE...


In O Jornal Batista #51 – Dez 1961


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